ANIVEC defende formação de desempregados nas empresas
Em entrevista à Radio Vizela: César Araújo, presidente da ANIVEC, diz que é possível com acordo entre partes.
César Araújo presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confeção, a ANIVEC, critica aquilo que diz ser a falta de cooperação entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e as empresas.
Se o desemprego foi uma nuvem negra que durante algumas décadas pairou sobre o setor têxtil na região, hoje o padrão está a mudar e já há muitas empresas com dificuldades para encontrar mão-de-obra. Desde o Covid que há uma facilidade de faltar ao trabalho, com as baixas médicas que não necessitam de prescrição de clínico. “As pessoas faltam, já quase não precisam de ir ao médico e a lei permite que faltem três dias”, lamenta o responsável.
César Araújo, presidente da ANIVEC, entende que há demasiados desempregados em sala, em contexto de formação, quando poderiam estar em contexto de trabalho, e esse trabalho deve ser feito em concordância com empresas e a entidade. “Há um grande absentismo hoje em dia em Portugal, transversal a todas as áreas, não é só no têxtil, mas, aliado a isso, há centenas de milhar de pessoas que estão alocadas ao IEFP a ter formação em sala, quando deviam era estar na vida ativa”, disse o responsável. No entanto, César Araújo também vem defendendo que é preciso apostar na qualificação dessa mão de obra, perante desafios como a digitalização e a robotização. “Hoje em dia, não há uma indústria de vestuário do passado, temos de formar as pessoas e prepará-las porque temos os desafios da digitalização e da robotização e é preciso formação para tudo isso, em contexto de trabalho. As pessoas que o IEFP tem em salas, devia colocá-las em contexto de trabalho, através de protocolos com as empresas”, entende o empresário.
Mas há ainda a questão de este ser um setor mal pago, perante a exigência, o que leva as pessoas a optarem por outras áreas, César Araújo reagiu assim: “Confundimos o que é mal pago com produtividade, há aumentos salariais todos os anos, e as pessoas têm de aumentar a sua produtividade, fundamental porque a pessoa não pode receber e fazer menos. Se a produtividade do país aumentou 1,6%, o aumento salarial não pode ser de 5%, há aqui alguma coisa que está mal”. A inserção de comunidade emigrante nas empresas poderá ser uma solução, mas este é um processo que deve ser pensado e também deve seguir passos específicos.
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